13 de abr. de 2017

Ratos - Gordon Reece [Resenha]


Livro: Ratos
Autor(a): Gordon Reece
Páginas: 240
Editora: Intrínseca
Sinopse: 
Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade.
Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.

“Quando um gato entra na toca dos ratos, ele não vai embora deixando-os ilesos. Eu sabia como aquela história iria terminar. Ele mataria nós duas.”

O primeiro fator que me levou a ler o livro foi a capa: Misteriosa, não revelando muito o contexto da estória, mas dizendo que provavelmente o seu contexto deve ser surpreendente. Já o segundo fator foi a sinopse que me deixou curiosíssima por sinal! Tanto que na época eu já fui logo o adicionando na minha lista de desejados no meu skoob. Porém por lá ficou durante muito tempo pela minha impossibilidade de conseguir encontrá-lo facilmente. Quando consegui ter o livro em mãos foi uma felicidade tremenda! Afinal, eu estava desejando ler o livro há muitooo tempo e até que enfim eu o tinha encontrado! 

Acabou que o livro não correspondeu exatamente às minhas expectativas, porém, mesmo assim, ele conseguiu me prender fielmente ao seu enredo e não consegui parar de ler até descobrir o final da estória. 

O livro começa com Shelley, a personagem principal, contando como ela e sua mãe conheceram o Chalé Madressilva, onde toda drama principal do livro se desenrolará. Os motivos pelos quais levaram as duas a escolher o Chalé Madressilva como sua nova residência não eram muito bons. Elas procuravam um lugar onde pudessem se esconder do mundo lá fora. Não queriam o barulho do trânsito a distância, nem mesmo ter um único vizinho. O que mais desejavam era isolar-se de tudo, acreditando que essa fosse a única maneira de se desvencilhar de seus problemas: 

Além de ter que enfrentar o divorcio doloroso de seus pais, Shelley foi vítima de bullying por suas próprias melhores amigas de infância, na qual formavam um grupo denominado "as JETS" um acrônimo com suas iniciais. Analisando seu passado, Shelley podia perceber que as coisas passaram a ir mal entre ela e as três muito antes de o bullying começar. Acontece que entre a transição de pré-adolescencia para adolescencia ocorrem muitas mudanças tanto fisicamente quanto psicologicamente. E nessa transição, Shelley foi a única de suas amigas que não alterou nem o seu comportamente infantil e nem sua aparência desleixada: Ela ficou estagnada no tempo, aos seus quase catorze anos se comportava da mesma forma de quando tinha onze.

Eu tinha a impressão de que me olhavam da cabeça aos pés com um pouco de nojo, e, pela primeira vez, preocupei-me com minha aparência, envergonhada da gordura em minha cintura, marcada pela saia, de minha franja de criança e dos cravos em meu queixo.
O bullying começou em torno de seu terceiro ano do ensino médio. E mesmo que Shelley ainda continuasse com suas atitudes infantis de onze anos e com uma aparência completamente desleixada, ela começa a passar por coisas terríveis nos quais não desejamos a ninguém, e nós, leitores, começamos a sofrer junto com ela. Até o terrível momento de seu violento atentado: Aquele que o faz parar de frequentar a escola e a deixa com sequelas tanto psicologicas quanto físicas.

Eu deveria ter contado à minha mãe [...] mas tive vergonha. [...] O pior era que mamãe conhecia aquelas meninas: havia preparado chás para elas, dera carona para elas, e acreditava que fossem minhas melhores amigas. Eu sequer considerava que ela soubesse o quanto me odiavam.

Elizabeth era uma advogada brilhante, descoberta por uma das melhores firmas de advocacia de Londres enquanto ainda estava na universidade. Porém parou de trabalhar a pedido do marido quando Shelley nasceu. Quando ele as abandonou, seu conhecimento jurídico estava completamente desatualizado, abandonado como uma fruta que apodrece no pé. Seu registro profissional não era renovado havia catorze anos. Assim, tendo que se sujeitar a um emprego bem inferior em uma firma de advogacia.

As duas se definem como ratos: Ratos nunca são mal-educados. Ratos nunca são assertivos. Ratos tem pavor de confrontos, são covardes, fracos. A mansa submissão é tudo o que os ratos conhecem. Mesmo assim as coisas começam a caminhar bem após a compra do Chalé Madressilva: Shelley começa a ter aulas em casa, não tendo que se sujeitar a ver suas agressoras novamente. Fora a rotina bastante agradável que mãe e filha começam a ter como: Beber uma caneca de chocolate quente perto das dez da noite, assistir a filmes de comédias romanticas e cultivar flores. Mas tudo isso começa a ser questionado na noite em que Shelley completa dezesseis anos, quando o chalé onde vivem é invadido por um assaltante e elas são feitas reféns. 

Que justiça era essa? Que tipo de Deus permitiria que isso acontecesse? Será que minha mãe e eu não sofremos o bastante? [...] E, agora, dentre todas as casas que aquela bombarelógio ambulante poderia invadir, a nossa foi escolhida, justamente quando começávamos a construir uma nova vida, quando as coisas começavam a melhorar. O que mais sofreríamos? Estupro? Tortura? Que crime cometemos além de sermos fracas, além de sermos ratos? Que mal fizemos para merecer tal punição incessante?

Nessa hora, Shelley percebe que é hora de agir, afinal até mesmo os ratos tem um limite, e o seu limite fora ultrapassado. A partir daí, os acontecimentos se desenrolam da forma menos esperada de todas. Surpreendendo o leitor e até mesmo a própria Shelley.

Eu super recomendo Ratos. Ele é diferente, mostra a justiça que pouquissímos livros mostram. E quanto a justiça, o desfecho do livro conseguiu me agradar. Gostei das decisões tomadas por Shelley e Elizabeth quanto ao assalto, e ainda mais como tudo terminou. Sem o "mimimi" que geralmente teria se fosse escrito por outra pessoa. Portanto, a escrita de Gordon Reece foi única! E não sei se eu iria gostar se esse livro não fosse escrito por ele.


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12 comentários:

  1. Oie
    Faz tempinho que eu li este livro, mas não lembrava do enredo. SEnti vontade de ler, parece ser uma história bem interessante e que merece atenção.

    Beijinhos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  2. Oie,
    Não conhecia o livro, ele tem uma premissa interessante, mas confesso que não me chamou tanto atenção a ponto de querer ler.
    Mas adorei a resenha.

    Bjs
    http://diarioelivros.blogspot.com.br

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    1. Poxa... Mas que bom que você gostou da resenha pelo menos <3
      Um Beijo!!

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  3. Olá, tud bem?
    Já tinha visto esse livro, mas não sabia que se tratava desse tema... Na época nem dei bola, agora fiquei bem curiosa....
    Beijos
    http://amandastale.blogspot.com

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  4. Oi, Babi. Acho que a história é bem forte e confesso que somente pela capa eu não compraria, mas eu gostei de ver a sua opinião, acho que esse é um assunto que precisa ser mais visualizado e comentado, tanto como o bullying e a violência doméstica. Vou anotar aqui para ler o livro depois.
    Beijo! Leitora Encantada

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    1. Eu também acho que o assunto que precisa ser mais explorado. Eu recomendo, anote sim!
      Um beijo Miriã!

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  5. nao é o meu tipo de leitura favorita, mas otima dica
    Beijos, te espero lá no meu canal do youtube ♡♡
    www.paaradateen.com
    www.youtube.com/paaradateen

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  6. Oi, tudo bem?
    Lembro que eu era louca para ler esse livro, mas nunca consegui compra-lo, ai adicionei como desejado do skoob, mas o tempo passou e acabei esquecendo.
    Gostei muito da resenha, espero ter oportunidade de ler o livro um dia, me chama muito a atenção.

    Obrigada pelo carinho. Um super beijo :*
    Claris - Plasticodelic

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